quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rede Paulista de Bancos Comunitários, Observando a Tecnologia Social.

Conforme é discutido no comitê coordenador da RTS (Rede de Tecnologia Social) na formulação de uma Política de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação. E cada vez mais salientados por maioria dos membros do comitê a importância da TS (Tecnologia Social), na inovação de produtos de modo que estabeleça soluções de baixo custo, de fácil reaplicação e que garantam o desenvolvimento em integração com as comunidades locais, adequada a diversas realidades regionais possibilitando criar inclusão social.

Outra forma de inovar é através da atuação em rede seja ela em produção, consumo e/ou serviços, busca-se com isso a articulação de pequenos empreendedores no imenso mercado competitivo, que buscam se diferenciar comprovando certificação da qualidade do produto ou serviço oferecido pela rede.

Acreditamos assim, numa outra atuação dos serviços oferecidos pelos Bancos Comunitários de São Paulo, aplica-se no fortalecimento e consolidação das ações desenvolvidas em cada comunidade, de modo que venha a gerar conhecimento popular dentro duma perspectiva de Finanças Solidarias. Existem exemplos a serem seguidos; de integração nas comunidades, gestão participativa no processo de desenvolvimento local, bem como a aplicação da qualidade de serviços oferecidos, seriam essas entre outras a aplicação de TS a serem respeitadas na Rede de Bancos Comunitários de São Paulo, com isso, busca-se organizar uma rede que articule e garanta a troca de saberes e experiência vivenciadas dentro das comunidades em que os BC’s estão inseridos.

Considerando que cada ação desenvolvida pelos BC´s nas comunidades de baixa renda em São Paulo, sejam; reflexo da luta pela qualidade de vida de forma sustentável e com soluções relativamente simples dentro da própria comunidade, observa-se a necessidade de mudança de comportamento e na tentativa de nova elaboração de métodos que tragam real valor social as comunidades onde se vivem.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

SENAES fecha acordo de cooperação com Banco Central

O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de Economia Solidária e o Banco Central visa à realização de estudos sobre os bancos comunitários e as moedas sociais, com vistas à criação de mecanismo de monitoramento e avaliação e do desenvolvimento desse setor no Brasil. Após uma década de muita articulação e mobilização do movimento de economia solidária, com apoio da SENAES, foi conquistado por meio desse termo de cooperação o reconhecimento, pelo Estado, de que comunidades organizadas em territórios (pequenos municípios, bairros), podem constituir a sua autoridade monetária.
Pela primeira vez o Banco Central do Brasil reconheceu a existência dessa ferramenta chamada de “Bancos comunitários e moedas sociais” e sua importância enquanto tecnologia social que gera inclusão financeira. Com isso, os bancos comunitários ficam menos vulneráveis, seja do ponto de vista formal - pois serão estabelecidas definições sobre seu funcionamento, metodologia, suas características, atribuições, objetivos e conceitos – seja também pela maior visibilidade sócia que alcançam.
Neste momento, encontra-se em processo de criação um comitê e uma agenda de trabalho que o mesmo irá realizar. Com a materialização da parceria haverá a elaboração de normativos que orientem os agentes que queiram conhecer, apoiar e desenvolver bancos comunitários que usam moedas sociais.
A SENAES está propondo a realização de cinco audiências públicas para que a sociedade participe, juntamente com o movimento de economia solidária, no sentido de garantir a maior participação na elaboração dos referidos normativos. A partir desse acordo, as iniciativas de bancos comunitários em curso conquistam novo marco institucional, possibilitando a realização de novas parcerias estratégicas para o seu desenvolvimento. Além disso, esses bancos serão beneficiados com a ampliação das políticas de incentivo e fomento, e o ambiente institucional ficará bastante favorável à consolidação dessas políticas, significando recursos públicos para atividades formativas, assistência técnica e linhas de créditos adequadas.

Boletim Informativo - Número 13 - Brasília, março de 2010 -SENAES

Moedas sociais substituem real em cinco comunidades paulistas


Elaine Patricia Cruz

Repórter da Agência Brasil


São Paulo – Apuanãs, freires, sampaios, vistas lindas ou moradias em ação. Em algumas comunidades dentro de São Paulo, a moeda preferencial deixou de ser o real.



No Jardim Maria Sampaio, na zona sul da capital, a moeda que circula desde setembro do ano passado é o sampaio. No Jardim Filhos da Terra, na zona norte, os comerciantes passaram a aceitar os apuanãs. Junto com os freires (do Jardim Inácio Monteiro, na zona leste), os vistas lindas (do Jardim Donária, na zona oeste) e os moradias em ação (do Jardim São Luiz, na zona sul), o sampaio e o apuanã compõem as cinco moedas sociais aceitas pelo comércio de São Paulo desde meados do ano passado.



Em todo o Brasil, existem atualmente 51 moedas sociais. Elas não substituem o real – a ideia é que funcionem de modo complementar à moeda nacional, mas desenvolvendo as economias locais. Para isso, é preciso que tenham lastro em real, ou seja, para cada uma das moedas sociais usadas, deve-se ter “guardada” uma moeda em real.



Reconhecidas pelo Banco Central, as moedas sociais só podem existir em comunidades que tenham uma forte associação de moradores.



Elas podem ser vinculadas a pelo menos duas estratégias: aos clubes de trocas ou aos bancos comunitários. “A ideia é trazer de volta a moeda como um instrumento de troca, potencializando sua circulação e reduzindo a ideia de acumulação”, explicou a psicóloga Juliana de Oliveira Barros Braz, doutoranda em psicologia social e pesquisadora do Núcleo de Economia Solidária da Universidade de São Paulo (USP).



“A idéia é que as pessoas comprem e façam circular essa moeda porque acumular [a moeda social] não tem muito sentido”, afirmou Juliana, em entrevista à Agência Brasil. “É um estímulo ao consumo local, no próprio bairro, um estímulo ao desenvolvimento econômico na comunidade." Segundo a psicológa, o sistema tem ainda uma função de identidade, ou seja, faz com que as pessoas consumam no bairro onde moram, usando uma moeda que tem o nome do bairro.



Para estimular a população a usar a moeda social, os comerciantes apelam para os descontos. Com isso, o dinheiro passa a ficar na própria comunidade. “Os bairros não são pobres. As pessoas é que perdem a poupança quando consomem fora dele. Quanto mais dinheiro ficar na comunidade, mais ele vai circular internamente e mais riqueza vai gerando. Quanto mais vezes ele passar de mão em mão, mais se estará gerando valor e riqueza”, disse a pesquisadora.



Além dos descontos, para fazer crescer o uso dessas moedas são realizados mapeamentos de consumo e produção para avaliar a necessidade dos consumidores e se há produção suficiente na comunidade para atendê-los.



A comunidade também se organiza em fóruns para discutir questões como os juros e as diretrizes dos bancos comunitários na concessão do crédito. “Não estamos preocupados se você tem o nome sujo no SPC [Serviço de Proteção ao Crédito], na Serasa [Centralização dos Serviços Bancários S/A], se está em atraso com as prestações de uma loja. Isso não seria motivo para a pessoa não obter crédito. A forma de concessão é o aval da própria comunidade”, explicou,



O primeiro banco comunitário brasileiro foi o Banco Palmas, que surgiu em 1998 no Conjunto Palmeira, bairro da periferia de Fortaleza. Em 2003, a comunidade se organizou e criou o Instituto Palmas, que hoje serve de apoio para o surgimento de outros bancos comunitários. A expectativa para os próximos dois anos, segundo Juliana, é de que sejam criados mais 100 bancos comunitários em todo o Brasil.



Edição: Nádia Franco